A IMPORTÂNCIA SINDICAL

O maior compromisso do nosso Sindicato é oferecer aos nossos representados (os trabalhadores e trabalhadoras que atuam nas indústrias de alimentação da nossa base territorial) um avanço benéfico a cada acordo coletivo ou convenção coletiva de trabalho. Eu não me canso em dizer que em quase todas as negociações o patrão diz que não tem condições de aumentar salários, melhorar benefícios e oferecer melhores condições de trabalho (incluindo segurança, plano de incentivo e bônus) para aqueles que carregam nas costas a própria existência da indústria da qual eles dedicam grande parte de seu dia a dia.
Em países desenvolvidos, os trabalhadores são mais valorizados, principalmente no quesito salário. E é assim que uma nação se desenvolve e se mantém próspera: valorizando o que ela tem de mais importante, que é seu empregado.
Na história do Brasil, carregamos quase 400 anos de escravidão, ou seja, trabalhos forçados sem qualquer tipo de remuneração e à base de um sistema cruel de castigos, assassinatos, abusos, racismo etc etc etc. Pessoas eram comercializadas como gado e eram usadas na lavoura como maquinários descartáveis. ainda hoje, o agronegócio ainda mantém um pensamento saudosista que glorifica esse longo tempo sombrio, principalmente no âmbito político e ideológico.
Esse sistema implantado na agropecuária foi útil apenas aos próprios donos de terras e de animais. O Brasil nunca foi um país desenvolvido, nem quando os regimes militares tomaram o poder, ajudados pelos fazendeiros e seus jagunços.
E até hoje, o agronegócio, em sua grande parte, trata seu material humano de forma desigual, porque é assim que se mantém um país subdesenvolvido, mas com imensas riquezas concentradas em seletos grupos. Ainda é possível encontrar no Brasil pessoas trabalhando em condições análogas à escravidão: um verdadeiro absurdo em pleno século 21.
No universo industrial, houve um tempo em que o trabalhador dedicava 14, 15, 16 horas por dia numa fábrica em troca de mantimentos, roupas, trocados, migalhas. A mobilização dos trabalhadores transformou este cenário. Em várias partes do mundo, a criação de sindicatos fez com que grupos unidos cruzassem os braços para mostrar aos patrões que aquele sistema deveria mudar e só mudaria através de possíveis prejuízos financeiros decorrentes de greves setoriais e gerais. Mais do que isso, os sindicatos serviriam como uma voz potente que representava toda uma classe trabalhadora diante de um “gigante” totalmente dependente desta mesma classe trabalhadora.
E é assim que uma nação desenvolvimentista encara esta relação social, política e econômica entre agropecuária, indústria, comércio, sindicato, trabalhador, distribuição de renda, participações nos lucros, diminuição de dividendos, oportunidades, previsões, certezas e incertezas micro e macroeconômicas.
É um pacote inteiro complicado. Mas o que não se pode complicar é o respeito mútuo entre trabalhador e empregador. O que não se pode complicar é o entendimento do empregador em ver a situação do cenário econômico nacional atual e dar a oportunidade de oferecer melhorias reais nos salários e benefícios dos seus empregados. Isso melhora até mesmo a produção diária, é comprovado! Enquanto algumas indústrias mundiais comprovaram o melhor rendimento de seus empregados na jornada de trabalho de 4 dias/semana, nós ainda estamos lutando por melhorias nos vales alimentação/refeição.
Apesar deste eterno atraso agroindustrial provocado pelos líderes governamentais instalados em Brasília, existem outros líderes sindicais que buscam melhorar ainda mais a vida de seus representados. Porque é assim que nós aprendemos com os líderes existentes nos países desenvolvidos. Somente a nossa união, nossa luta e a insistência em evoluirmos ainda mais, ano após ano, não é suficiente para conquistarmos o tão sonhado desenvolvimento nacional. É preciso entender que sem a existência do sindicato, o trabalhador ainda está em perigo: prestes a perder aumentos anuais, prestes a perder direitos adquiridos e mais próximo de voltar ao período escravocrata do que alcançar os mesmos salários dos trabalhadores que atuam na Finlândia, na Austrália, no Canadá, em Luxemburgo (onde se tem os maiores salários do mundo).

Saudações sindicais!

Marcos Araujo
Presidente do SITAC

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